Antes de começar, peço-lhe permissão para
narrar uma observação que fiz de uma situação verídica e recente:
Hoje eu devo ter
presenciado uma das cenas mais tristes e marcantes que a minha vivência
permitiu.
Vi um pai com seus
dois filhos pequenos - um menininho e uma menininha - despedindo-se do corpo
daquela que era esposa e mãe.
De certo vemos muitas
atrocidades e desastres na televisão e até diante dos olhos – já perdi amigos
por doença, acidente e homicídio.
Não que ele ou as
crianças estivessem chorando – não estavam naquele momento. Não que
expressassem nitidamente a dor da perda – não expressavam. O que me tocou foi a
simbologia daquele ato. Um olhar inocente dos filhos sobre um corpo sem vida, e
um olhar sem ação de um pai sobre as crianças que acabavam de ficar sem a mãe.
O momento me levou a
uma reflexão diferente. Nenhum pensamento com palavras, mas com o sentir.
Transcendemos na nossa evolução com aprendizado, com pensamentos, com vivência,
mas eu nunca havia mudado de estado de espírito a partir de uma imagem. Uma
imagem forte, capaz de penetrar em um campo da mente onde os mais profundos
ensinamentos não conseguem.
Já havia participado
de muitas solenidades de despedida daqueles que um dia viveram entre nós, mas
poucos, ou só o de hoje, me incutiu uma inclinação ao respeito pela vida.
Muitos podem até
pensar que por conta deste relato eu nada tenho passado de experiências
significativas no alto dos meus pouco mais de quarenta anos. Estariam eles
parcialmente corretos? Pode ser! Passei sim, por muitas. Só que eu passei por
elas, mas elas não passaram por mim, porque, talvez, me faltou amadurecimento
para absorver a mensagem mais importante daqueles momentos do passado.
Não foi necessário um
choque ou uma dor insuportável para me fazer ver o quanto precisamos contemplar
a existência e nos curvar ao que é simples.
Desejo àquela família
a necessária compreensão para superar esse desvio de planos, desejo que aprendam
a conviver com a ausência e a não perder, ou melhor, não deixar passar
despercebidos os momentos que ainda terão para serem felizes.
Agradeço a eles,
porque, aprendi na despedida o quanto é importante darmos valor à simplicidade,
e ser feliz demais com o fato de poder voltar para casa após cada dia de
sujeição à vontade incerta da natureza que nos rege.
Narrei a história acima para chamar a sua
atenção ao começo, meio e fim de sua vida e o que ela representa – sendo o
primeiro previsto por seus pais, o segundo por você, e o último, quase sempre
uma indefinição.
Plagiando a pergunta do ilustre filosofo Mario
Sergio Cortella – Qual é a sua obra? E trazendo à baila uma das suas constantes
afirmações: “Você vai morrer!”
Começo com você leitor um diálogo a respeito de sua caminhada por este mundo e,
com um pouco de ousadia, lhe fazendo uma proposta:
Não deixe que a sua
passagem pela vida seja estéril!
E vou além, não deixe que sua grande obra seja
um ato de vaidade, de egoísmo, de autodestruição ou de dano ao próximo.
Pergunto novamente:
Qual é a sua grande obra?
Plantar a discórdia? Assassinar uma reputação?
Difamar alguém? Ser um bom articulador para uma causa de um projeto de poder?
Se auto-indicar para receber um milhão de homenagens? Posar para fotos com a sua
linda fantasia de Batman? Conseguir agregar aos seus vencimentos todas as
verbas e benefícios existentes em seu trabalho? Presidir uma associação ou
entidade que não produz? Puxar o tapete do próximo para tomar o lugar que ele
ocupa? Puxar o saco ou viver à sombra de alguém? Saber aplicar corretamente uma
punição? Humilhar um subordinado? Se autopromover para nada? Formular uma
construção jurídica absurda para fundamentar a decisão de punir um amigo?
Cultuar um time de futebol? Angariar adeptos para a sua ideologia fanática?
Fazer uma denúncia anônima? Trair a confiança de um colega? Enganar o sistema? Forjar uma
doença para se afastar do serviço? Criar intermináveis reuniões para
discutir o óbvio? Sabotar planos? Construir a sua felicidade à custa da
infelicidade alheia?
Acredito que não! Acredito que você leitor
seja bem melhor que isso!
Acredito que sendo um interessado em temas
informativos, a exemplo dos artigos publicados aqui e em tantos outros blogs,
você esteja se aprimorando – e é o que você está fazendo neste momento. E ao se
aprimorar libertará a sua mente, encontrará razões mais que importantes para
viver dignamente, sendo útil para si, para sua família e para a sociedade.
Quem é você e qual é a sua importância em meio
a um mundo com bilhões e bilhões de pessoas? Isso é muito relativo! Para um
estranho você pode não ser nada, mas em seu trabalho ou em sua familiar “pode
ser” que seja alguém especial.
É preciso sair da mediocridade, e o caminho
está na cultura. É preciso fazer com que a vida valha à pena. Temos as
ferramentas, temos a disposição e temos a oportunidade.
Não deixe se conduzir por causas ignóbeis, por
ideologias fracassadas ou por caminhos obscuros. Faça você mesmo a sua trilha.
Conduza! Avalie até que ponto você não é escravo de suas criações irreais - e
da dos outros!
Aproveite enquanto há tempo! Faça a sua obra!
Encerro aqui com outra frase muito antiga e
bastante atual, que por sinal se escrevia em latim, nos tempos do já extinto
Império Romano
“Sic transit gloria mundi” (que em uma tradução bem
simplista significa – as glórias do mundo são passageiras).